"Foi uma brincadeira, mas a música é nossa"

O êxito mundial "Ai se eu te pego", sucesso na voz do brasileiro Michel Teló, nasceu na Disney como uma "brincadeira de adolescentes", contam as jovens que reivindicam na Justiça a coautoria da música.
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"Foi uma brincadeira de adolescente, mas a música é nossa", diz Maria Eduarda Lucena dos Santos, de 20 anos, uma das três estudantes que entraram com o processo na Justiça da Paraíba, no nordeste brasileiro.

Ontem foi divulgada a decisão provisória do juiz, que decidiu bloquear todo o valor arrecadado com a música pelos autores registados, pela produtora, pelas editoras e pelo cantor Michel Teló, até que a decisão final seja tomada.

Lucena dos Santos conta que o refrão da música foi criado em 2006 por sete amigas que viajaram para comemorar o seu 15.º aniversário. Lá, uma das adolescentes interessou-se por um guia e, como a paixão era "impossível", as estudantes inventaram frases para se divertirem com a situação.

"Ninguém parou para compor, a gente ia conversando, rindo e juntando as frases", conta Lucena dos Santos. "Mas logo o refrão se espalhou e os outros turistas passaram a copiar o que a gente fazia", completa.

Dois anos depois, parte da turma de amigas foi a Porto Seguro, cidade do estado da Baía, no nordeste brasileiro, conhecida por receber viagens de finalistas.

Quando três delas cantaram o refrão, que virou a marca registada da turma, chamaram a atenção da cantora Sharon Acioly, de acordo com o advogado Miguel de Farias Cascudo.

"A cantora chamou as três meninas ao palco e cantou com elas. Depois, juntou a segunda parte da música e criou a versão final. As meninas só tomaram conhecimento do plágio mais tarde, com o sucesso da música e as entrevistas de Sharon", disse à agência Lusa.

Sharon Acioly é a cantora que registou "Ai se eu te pego". Farias Cascudo afirmou que as sete amigas a procuraram, assim como entraram em contacto com Michel Teló, após verem uma entrevista da cantora na televisão.

Segundo o advogado, três jovens fizeram um acordo financeiro e uma abdicou dos direitos sobre a música. As suas clientes não ficaram contentes e recorreram à Justiça.

Questionados pela Lusa, o cantor Michel Teló, a editora Pantannal, a Sony Music e a Apple, todos citados no processo, não se manifestaram até ao momento.

A cantora Sharon Acioly afirmou na sua página na rede social Facebook que "todo mundo quer um pedacinho do milhão".

"Eu fiz um 'funk' inspirado no gritinho de guerra de três meninas da Paraíba que estavam em Porto de férias. Meu parceiro Dyggs entrou depois e transformámos em forró. Teló transformou em Sertanejo e a coisa bombou!! Agora todo mundo quer um pedacinho do milhão...rs", escreveu.

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